Sonhei que estava em Londres

Sonhei que eu estava em Londres. Sonhei que eu estava em Londres quando li Oliver Twist pela primeira vez quando era pequena. Sonhei que estava em Londres quando li as Crônicas de Nárnia. Sonhei que estava em Londres todas as vezes que eu via o Harry Potter sumir na King's Cross. Sonhei quando vi o Sherlock Holmes em cima da ponte que ainda estava sendo construída. Sonhei enquanto lia sobre Tessa e Jem na ponte Blackfriars.

Sonhei com Londres tantas vezes que já era como se eu conhecesse a cidade. Como se fosse uma casa que há muito eu estivera distante. Cada vez que eu via um passageiro indo para Londres a vontade era de correr atrás e pedir para ele levar um pedacinho de mim junto.

Então imaginem meu espanto ao adormecer em um avião, e quando acordar, olhar pela janela e ver a curva do Tâmisa, a London Eye e o Big Ben. O dia estava claro, sem uma nuvem no céu e foi possível ver a cidade perfeitamente. Quando pousamos no Heathrow e a comissária anunciou "Senhoras e senhores sejam bem vindos a Londres" foi possível ouvir um gemido vindo do assento 16C. E então simples assim, depois de 12 horas e um tico de torcicolo eu estava ali. E Londres se abriu para mim como uma velha amiga, de braços abertos, me dando dias ensolarados e (absurdamente) frios e era como se dissesse "até que enfim minha filha".

Nem preciso dizer que foram os melhores 8 dias da minha vida. E que quando decolei para Amsterdam, decolei chorando. Não só de tristeza por ir embora, mas de felicidade por ter estado lá. Um dia eu volto, sem sombra de dúvidas, afinal eu continuo sonhando com Londres. Os sonhos são bem mais realistas agora, porque são memórias. Memórias dos cheiros, dos sons, do vento, de todos os rostos simpáticos que eu encontrei, do sotaque que eu acabei pegando e levando para Frankfurt (outra história).
E se um dia alguém me perguntar "como é realizar seu maior sonho?" só vou mostrar essa foto. Talvez a pessoa entenda: